GÊNESIS, REVISTO E AMPLIADO

>> segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Quem me acompanhava aqui no blog sabe da minha admiração pelo Antonio Prata. Antes às quartas-feiras e agora aos domingos, a primeira coisa que leio no Jornal Folha de São Paulo é a sua coluna. Com isso meu marido e meu filho fizeram disso também uma leitura obrigatória mas ............... excelente.
Leiam e vejam; eu não tenho razão de gostar?

Visto que se aproximava o sétimo dia,
Deus disse: 'Que a meia fure, que a privada entupa,
que a internet caia...'

Então o Senhor Deus disse a Adão: porquanto deste ouvidos à tua mulher, e comeste da árvore que eu te ordenara não comesses: maldita é a terra por tua causa; com o suor do rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porque tu és pó e ao pó tornarás.
     E, vendo o Senhor Deus que Adão fazia-se de desentendido, disse: espera, que tem mais; não só custará o pão o suor de teu rosto, como aumentará a circunferência de tua barriga, e a circunferência de tua barriga desagradará à Eva, e Eva te dará chuchu, e quiabo, e linhaça, e couve, e outras ervas que dão semente e leguminosas que dão asco, e delas usarás como alimento, em teus dias de tribulação.
     E disse também o Senhor: porquanto comeste da árvore, porei em teu encalço insetos peçonhentos, e serão pernilongos nas cidades, e nas praias borrachudos serão; e ordenarei que te piquem bem na pelinha entre os dedos dos pés, e que zunam em teus ouvidos, e nas noites sem fim recordar-te-ás de teu criador.
     Não satisfeito com os castigos, continuou o Senhor Deus: que destas ventas por onde soprei a vida escorra muco, e que seja frio e pegajoso como as escamas da serpente, e caudaloso como as águas do Jordão, e que brote numa sessão de cinema, ou na Sala São Paulo, e que tenhas à mão somente uma folha de Kleenex, e que com ela te enxugues e te assoes, até que se esfacele a última fibra de celulose, marcando teu rosto com inumeráveis pontinhos brancos, como marcarei a face pecadora de Caim.
     E assim vagarás pela terra, disse o Senhor Deus, pois grande é teu pecado. E disse mais: cansado de perambular pela terra, inventarás o automóvel, mas o automóvel só fará multiplicar o teu cansaço; e gastarás metade de teus dias na Rebouças, e roubarão teu estepe, e te esquecerás do rodízio, e os pontos de tua carteira excederão o máximo permitido pelo Detran, que será 21, e andarás de táxi, e ouvirás elogios ao massacre do Carandiru, e diatribes contra médicos estrangeiros, e sentirás na carne a miséria de tua descendência.
     Em vão, buscarás refrigério em viagens, mas quando no aeroporto estiveres, e chegares ao portão 4, alto-falantes te mandarão para o 78C; e quando o 78C alcançares, serás mandado de volta ao portão 4, e faminto pagarás R$ 16 num pão de queijo e numa Coca, e a Coca será de máquina, e o pão de queijo estará frio.
     Então, visto que se aproximava a viração do sétimo dia, Deus se apressou, e disse: que o sal umedeça, que o bolo seque, que a meia fure, que a privada entupa, que o dinheiro escasseie, que o cupim abunde, que a unha encrave, que a internet caia, que o time perca, que a criança chore, que o churrasco do teu cunhado seja melhor que o teu, e que todos assim concordem, inclusive Eva, e que, largado num canto da varanda, com tua Kaiser quente na mão, te lembres que eu sou El Shaddai, e que estou acima de todas as coisas, inclusive de tua careca, que não temerá a finasterida, não aceitará o minoxidil nem reagirá às preces que, em vão, me enviarás.
     E, dizendo isso tudo, o Senhor Deus lançou Adão para fora do jardim do Éden, e lançou Eva para fora do jardim do Éden, varão e fêmea, os lançou.
(Antonio Prata)

beijos

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Pense Melhor

>> terça-feira, 30 de abril de 2013

"...COMO SE PODE SER TÃO IDIOTA? ..."
(ilustração de Bebel Franco)

Qual a coisa mais preciosa do mundo? Não é dinheiro, nem amor, nem poder, e vou dar uma pista: não tem forma, nem cheiro, nem cor, não pode ser emprestada, nem dada, nem comprada. Não se vive sem, mas muitos fazem bobagens, um dia precisam dela para viver, mas aí pode ser um pouco --ou muito-- tarde. Adivinhou?
     As pessoas começam a fumar cedo: porque é moda, para mostrar que não seguem as modas, ou por qualquer coisa tão boba quanto. Aconteceu comigo.
     Fumei todos os cigarros a que tive direito, e houve um momento em que escadas e ladeiras viraram um verdadeiro suplicio. O curioso --e trágico-- é que nunca nenhum amigo (e foram muitos), ao me ver assim, me disse que o problema era o cigarro.
     E como eu não sabia, quando parava para descansar, num café ou num banco de rua, relaxava fumando mais um cigarro, ai ai.
     Há alguns anos fiquei mais ou menos e parei, claro. Quando voltei a me sentir bem, achei que fumar um cigarrinho ou dois não me faria nenhum mal, e tive pequenas recaídas. Como sou ansiosa, e se puserem uma caixa de chocolates perto de mim vou comer até o último, com os cigarros é a mesma coisa --sem comentários.
     Comecei então a inventar pequenos truques: comprava dois cigarros no varejo, na banca de jornais; à noite, se fosse preciso, comprava mais dois. Dessa forma, eu achava que havia vencido o vicio, mas se algum amigo tirava um maço do bolso eu me atirava como se fosse a mais miserável viciada em crack.
     Houve vezes em que, num restaurante --no tempo em que ainda se fumava em restaurantes-- eu via alguém fumando, chegava perto e dizia, na maior simplicidade, "eu deixei de fumar, será que posso filar um cigarrinho?"
     Não há maior solidariedade do que entre viciados, sejam eles em cocaína, heroína, ou nicotina. As pessoas a quem eu pedia um cigarro eram todas simpáticas, nunca nenhuma delas me disse não; sempre sorrindo, cúmplices, compreensivas.
     A vida foi correndo solta, até que em uma viagem a um país onde cigarros não são vendidos no varejo, comprei um maço. Foi o primeiro de muitos; voltei péssima, as coisas tinham ido além do limite. Tive medo, parei no tranco, mais uma vez, e entendi que com vícios não dá para brincar.
     Hoje, quando vejo uma pessoa fumando na rua tenho vontade de parar, sacudi-la pelos ombros e contar o que foi o cigarro na minha vida. Mas lembro que quando ouvia um discurso contra o fumo, acendia um, só para provocar; como se pode ser tão idiota?
     O cigarro é um vício traiçoeiro: custa barato, pode ser comprado em qualquer botequim, e não é crime. Além disso, é --aparentemente-- o companheiro na hora do estresse, da solidão, da festa, da tristeza, enfim, de todas as horas.
     Eu me convenceria de que o cigarro não faz mal se visse, numa reunião de diretoria de um Marlboro da vida, quando são discutidas as novas técnicas de marketing para aumentar as vendas, todos fumando. Aliás, se fosse um só diretor, já me convenceria.
     Dá para acreditar que alguém ponha um tubinho na boca, acenda e aspire, várias vezes por dia, sabendo que --é inevitável-- um dia vai sofrer de falta de ar?
     Como eu dizia, a coisa mais importante que existe na vida não tem cheiro, nem forma, nem cor, e não se compra com dinheiro nenhum: é o ar que se respira.
     P.S.: Quanto mais cedo você parar, melhor, mas é sempre tempo. Para mim, foi.
(Danuza Leão - publicado na Folha de São Paulo - Caderno Cotidiano em 21/04/13)

Não fico fazendo discursos, nem dizendo pra meus parentes e amigos não fumarem. Também já fumei e parei num momento que achei importante para minha saúde e dos que estavam a meu redor. Mas fico com o PS da Danuza: Sempre é tempo, e quanto mais cedo........ MELHOR.

beijos

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Os jovens mandam uma, duas, três a toda hora e em qualquer lugar: por que não?

>> segunda-feira, 25 de março de 2013


Eu tenho feito isso, mas confesso que todas as vezes que vou usar uma exclamação (!) eu me pergunto porque estou fazendo isso. E você, usa muito?

! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! ! 

Fatores colaboram para a dependência da

exclamação: é a pressa que me faz mandar

 'abs!', 'bjs!' e 'hahaha!'
* * * * 

NÃO LEMBRO quando usei pela primeira vez, mas imagino que as razões tenham sido as mesmas de todo mundo: dar uma descontraída, uma turbinada. Que mal tem? -devo ter pensado: grandes artistas usaram, os jovens mandam uma, duas, três, simultaneamente, a toda hora e em qualquer lugar: por que não? Se soubesse, lá atrás, onde iria chegar, jamais teria experimentado: agora é tarde, Inês é morta. Ou melhor: é morta!!! -digo, exibindo a céu aberto meu vício nesta praga ortográfica: a exclamação.
     Não quero me eximir da responsabilidade -um alcoólatra não pode culpar um pé na bunda, a má fase do Palmeiras ou as letras do Reginaldo Rossi por seu estado-, mas há, decerto, fatores que colaboram para a dependência. No meu caso: a pressa. Tivesse mais tempo para tudo o que não é trabalho, conseguisse cultivar as amizades com a calma que elas merecem e não estaria agora enviando e-mails com "abs!", "bjs!", "claro!", "vamos!" e até mesmo -Deus, em sua infinita misericórdia, tenha piedade de mim-: "Hahaha!!!".
     Entendam, não é por mal. Ontem, por exemplo: eram umas três e meia a tarde, a crônica estava atravancada, o deadline aproximava-se como o solo na queda livre e eis que chega o e-mail de um amigo querido, que não vejo há anos. Ele conta do filho que nasceu, do emprego que arrumou, lembra de um Réveillon que passamos juntos, em Ubatuba, desenterra uma piada que à época nos fez rir muito e que agora me enche de nostalgia.
     Não é uma mensagem a que se possa responder correndo, de modo que a guardo para o fim do expediente, quando, já tendo entregue a crônica e me desincumbido de todos os outros penduricalhos profissionais, poderei contar minhas aventuras e desventuras nos últimos tempos, relembrar algum momento daquela viagem, agregar à piada certo detalhe que ele deixou escapar.
     Mas quem disse que consigo desincumbir-me dos penduricalhos? Eles não têm fim. Graças a Bill Gates, Steve Jobs e seus comparsas, que grilaram o tempo ocioso de toda a humanidade, o transformaram em dólares e o depositaram em suas contas bancárias, arrasto atrás de mim uma matilha de celulares, tablets e laptops, bichos mais carentes do que labradores num canil, requerendo continuamente a minha atenção, com seus ganidos eletrônicos: seus "trrrrllls" e "pims" e "brrrrlums".
     Um e-mail tão importante, contudo, não pode ficar sem resposta -e é aí, meus amigos, que o homem vacila. É aí que, hesitante entre um dos lados na bifurcação -escrever direito a mensagem, abandonando um pouquinho o trabalho ou deixar para outro dia, dando uma mancada com o amigo-, acabo não escolhendo lado nenhum e metendo o carro no canteiro central -o que, no caso, significa enviar: "Saudades, Fabião! Cerveja, em breve?! Abs!!!".
     De noite, na cama, a mensagem fica zunindo em meu ouvido, como um pernilongo. O "Abs!!!", principalmente. Ridículo. De que adiantam três exclamações num abraço que sequer abriu-se com todas as letras? Decido que amanhã, antes de qualquer coisa, escreverei um e-mail decente pro Fábio.
     É o que reafirmo hoje, quarta, diante do tablet, enquanto tomo café: assim que acabar de conferir os e-mails, escreverei para ele. Juro!!!

Crônica publicada no jornal Folha de São Paulo em 13/03/2013

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A arte de ser infeliz

>> sexta-feira, 15 de março de 2013

Texto de Sergio Riede falando sobre a Arte de ser Infeliz
     Quando lecionava Relações Humanas nos cursos pra caixas-executivos do Banco do Brasil, na década de 1980, eu já utilizava alguns trechos do livro Sempre Pode Piorar ou A Arte de Ser Infeliz, de Paul Watzlawick. Achava interessante refletir sobre a forma como reagimos ao que acontece a nossa volta. Não sei por que voltei a pensar nisso recentemente. Aliás, acho que sei. Navegando em redes sociais, lendo comentários que leitores postam sobre notícias em jornais impressos e na internet, ouvindo comentários de pessoas próximas, tive acesso a uma espécie de reciclagem ou pós-graduação na arte de ser infeliz.

     Sim, porque ser infeliz é uma arte e não é pra qualquer um! A pessoa tem de saber ignorar todas as possibilidades de escolha que possui. Necessita aprender a terceirizar a culpa com muita perspicácia. Agora com a internet está um pouco mais fácil exercitar o azedume. A infelicidade está ao alcance de todos! Tem gente que usa pseudônimo e vira um aguerrido militante de sofá. Contra tudo e contra todos. Até contra o tempo! Se fizer calor, reclama que está quente. Se esfriar um pouquinho, pergunta onde vamos parar com esse clima. Se não chove, diz que o mundo vai acabar. Se a chuva cai, esbraveja contra a chatice da falta de sol.

     O sujeito graduado na arte de ser infeliz acredita que é sempre o último que o garçom vê; que o outro motorista (seu adversário!) saiu de casa decidido a lhe torrar a paciência; que o Brasil é o pior país do mundo em tudo; que a empresa onde ele entrou depois de batalhar pra passar em um concurso disputadíssimo é a pior do universo; que os sindicatos estão sempre tramando contra ele; que as entidades de funcionários não fazem nada do que ele deseja; que os parentes querem se aproveitar dele; que seus filhos são uns ingratos; que seus empregados são indolentes; que seus chefes têm orgasmos só de pensar em lhe prejudicar. Uma pessoa que sabe ser infeliz de verdade nunca diz do que gosta, não tem o seu partido político de confiança. Geralmente, só fala do que detesta, do que lhe causa nojo. Para ela, os outros são “aquela corja”. Mas ela não costuma colocar nada no lugar do que não gosta. Basta odiar, basta destruir, basta vociferar e está tudo resolvido!

     No entanto, é preciso reconhecer: não é mole pra essa pessoa imaginar um cenário onde todo mundo conspira contra ela! Não é fácil esse alguém ter uma autoestima tão elevada a ponto de fazê-la se sentir, talvez sem perceber, o ser mais perseguido do universo. Porque, vamos combinar, pra ser vítima deste tanto, a pessoa só pode se sentir alguém muito importante, não é mesmo?

     Não sei se vocês têm se deparado com alguém assim por aí! Eu temo que sim. E faço um esforço danado pra não ver gente assim refletida em meu espelho. Mas não é fácil, porque a tentação é grande.

     Quando acontece algum fato desagradável com a gente, podemos reagir de muitas maneiras diferentes. Podemos esbravejar, lamentar, nos desequilibrar, nos conformar com a posição de vítima, ou podemos tentar manter conosco o poder de administrar nosso humor. Ok, nem sempre isso é fácil! Mas vamos pensar juntos: se a gente sai de casa feliz em uma bela manhã, dirige o carro ouvindo uma música gostosa e leva uma fechada de um motorista distraído, vale a pena transferir a esse motorista o poder de definir nosso humor no momento? Ou quem sabe o humor que vai tomar conta da gente o dia inteiro?

     Circula pela internet uma tal de Teoria 90/10, atribuída ao escritor Stephen Covey. Não gosto de nada que pareça receita de bolo. Não sei com que modelo matemático o autor teria chegado à equação 90/10. Mas parece que faz bastante sentido o raciocínio: segundo a teoria, apenas 10% das coisas que acontecem com a gente são fatos. Os outros 90% são as reações que temos diante desses fatos. E é o tipo de reação que temos diante das adversidades que define o tom que damos a nossas vidas. Nem sempre dá pra aliviar diante de algo que nos parece ofensivo. Mas, na maior parte do tempo, a gente poderia gerenciar melhor nosso quociente de felicidade. Ou de alegria. Ou, no mínimo, de serenidade.

     Que a gente possa realizar coisas interessantes e produtivas, juntos, neste ano que se inicia! E que nosso humor permita que a gente seja um pouco mais dono do próprio destino.


Sergio Riede
Presidente da ANABB
Fonte: Açâo - Jornal Anabb

beijos 
e um ótimo final de semana

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Venda de livros por R$ 10,00

>> terça-feira, 12 de março de 2013

Olá amigas (os)
Depois de um bom tempo quietinha no meu canto, só observando, resolvi voltar.
Saudades das conversas com tanta gente bacana que conheci por aqui.
E nessa volta trago também, não um presente (bem que gostaria, mas ainda não tenho condições), não um mimo (embora todas mereçam), mas sim uma oferta.

Em maio do ano passado nós lançamos o Manual de Casa com o título "Você não precisa gastar com tantos produtos de limpeza. Gaste pouco apenas adquirindo o "Manual de Casa".
O tempo passou, muitas pessoas compraram e aposto que estão com suas casas sempre limpas e perfumadas.
Mas hoje eu resolvi queimar o estoque (brincadeirinha......) e oferecer, a quem ainda não comprou ou a quem já comprou e gostou e quer presentear, ou indicar, o Manual por R$ 10,00 já com frete incluso.

Não vou vender pelo PagSeguro, pois senão eu teria mais despesas, e sim através de depósito em conta.
No site vai aparecer que está esgotado, mas eu tenho em estoque sim.
Dados bancários: Banco Itaú - ag. 6410 - conta 00039-9 em nome da DIGITEXTO Editora. 
Me informe depois em qual agência foi feito o depósito e envie junto o seu endereço completo. Pronto, simples assim.

Para as 3 (três) primeiras pessoas que responderem, vou enviar gratuitamente, ok?
(Desculpe gente, eu não tinha escrito antes, mas esses três só serão válidos se forem para o Brasil.)


Tudo o que você precisa para manter sua casa limpa e organizada
beijos

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Leitura nos olhos dos outros

>> terça-feira, 6 de novembro de 2012



Recentemente foi comemorado o Dia Nacional do Livro. A data lembrou a importância da leitura na vida das crianças e de todos nós.
    Esse é um bom motivo para refletirmos sobre a contribuição que o mundo adulto dá para que os mais novos tenham a chance de desenvolver o gosto pela leitura.
     Primeiramente, é bom reconhecer que temos uma posição bastante moralista a esse respeito. Famílias e escolas repetem à exaustão que ler é uma coisa boa.
     Desde os primeiros anos escolares até o último ano do ensino básico, a lista de livros obrigatórios é enorme.
     Mas será que ler é mesmo bom? Se é, por que temos de repetir tanto essa recomendação e nem assim conseguimos resultados?
     Talvez porque obrigação não combine com prazer e ler deveria ser uma questão de prazer. Muita gente se preocupa em desenvolver o hábito da leitura. Prova disso é que nossas crianças ficam com a agenda abarrotada de coisas para ler.
     Entretanto, hábito é coisa bem diferente de vontade. Em relação à leitura, o que podemos fazer é plantar nos mais novos a vontade de ler, mostrando as emoções que essa experiência proporciona.
     A segunda questão que temos é a seguinte: se ler é tão bom assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano! Muito pouco, quase nada, na verdade.
     Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele simplesmente deixa de ler.
     O que podemos fazer para que os jovens encontrem seu próprio caminho no mundo dos livros? Para que desenvolvam um gosto verdadeiro pela leitura?
     Os pais podem, por exemplo, ler e contar histórias para os filhos pequenos. Muitas famílias já cultivam o momento da história, lendo para os filhos de até seis anos antes de a criança se recolher. A questão é que eles não sabem como seguir com esse ritual depois que a criança cresce.
     A partir dos sete, oito anos, muitas famílias se rendem aos outros interesses que a criança passa a ter: programas de televisão, internet, videogames, jogos de computador etc.
     Entretanto, ouvir e contar histórias para os filhos é um hábito que poderia seguir até o fim da infância como um grande incentivador não apenas do gosto pela leitura, mas também como um elemento intensificador das relações familiares.
     Depois que a criança ganha fluidez, é hora de pedir para que ela também leia para os pais. Mostrar interesse pelos livros que ela escolhe, ouvir com atenção as histórias que a criança conta sobre sua própria vida e ler ao seu lado são excelentes maneiras de estimular a atividade leitora dos mais novos.
     As bibliotecas também poderiam funcionar como locais de incentivo do gosto pela literatura. Para isso, precisariam ser fisicamente mais atraentes, com livros e atividades interessantes. As famílias poderiam incluir a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade?
     Ler sempre --mesmo que por pouco tempo--, comentar sobre os livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler é bom de verdade.
     E as escolas? Essas têm um enorme potencial para desenvolver com seus alunos o interesse pela leitura. A maioria tem optado pelos caminhos mais fáceis e menos produtivos: responsabilizar as famílias por isso e obrigar os alunos a ler. Poucas são as escolas particulares que têm uma biblioteca atraente.
     Aliás, aí está uma boa questão para os pais que procuram escolas para os filhos: visitar a biblioteca escolar e saber como ela é usada por alunos e professores.
     E, por falar em professor, quantos deles demonstram aos alunos que têm paixão pela literatura?
     Se ler é mesmo bom, vamos provar isso aos mais novos.
Rosely Sayão
Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, fala sobre as principais dificuldades vividas pela família e pela escola no ato de educar e dialoga sobre o dia-a-dia dessa relação. É autora de "Como Educar Meu Filho?" (Publifolha), entre outros. Escreve às terças na versão impressa de "Equilíbrio".

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UM POUCO DE NÓS

>> sábado, 6 de outubro de 2012

"Todos falam da alegria do primeiro filho: dos novos sentimentos, das mudanças percebidas em nossas vidas e das novidades que sempre nos impressionam. Mas aqui vamos falar da alegria do segundo filho".


Muitos não acreditaram que pudesse dar certo, mas discordando das previsões pessimistas, aqui estamos nós apresentando o segundo filho desse casamento Um pouco de mim/Digitexto
     O primogênito VIDAS, nasceu e cresceu e está aí até hoje nos dando alegrias. Por isso, resolvemos encomendar o caçulinha que acaba de nascer.
     As informações necessárias para que todos fiquem tranquilos: nasceu de parto normal. Demorado, mas normal; pesa cerca de uns 220 gramas e tem 21 cm de altura. Já contamos todas as pagininhas e vimos que nasceu completo. Ele é lindo, é inteligente, é simpático, entre várias outras qualidades que eu, mãe nada coruja, já pude perceber só ao vê-lo. 
     É lógico que não vou esconder meu bebê das pessoas. Assim sendo as visitas já estão liberadas em www.digitexto.com.br para quem quiser ficar um pouquinho mais perto desse novo rebento que só nos encheu de alegria, desde a hora em que foi concebido até agora que veio ao mundo. 
     Ah, sim o nome! O nome já estava escolhido: UM POUCO DE NÓS. Venha conhecê-lo, afinal ele é meu mas também é nosso.

um beijo

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Liberdade?

>> segunda-feira, 10 de setembro de 2012


"Nós dois
Já tivemos momentos
Mas passou nosso tempo
Não podemos negar
Foi bom
Nós fizemos histórias
Pra ficar na memória
E nos acompanhar
Quero que você viva sem mim
Eu vou conseguir também..."



beijos

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Novos pergaminhos do mar Morto

>> quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Gente, ando numa correria tão louca, que nem tenho tido tempo pra postar, pra entrar nos blogs, enfim, pra conversar e ver as coisas bonitas que vocês andam fazendo.
Mas hoje, quarta-feira, é claro que roubei um pouquinho do tempo dos afazeres pra ler o meu querido Antonio Prata, adorei e estou compartilhando com vocês. Espero que gostem também.

* * * * *

Gabriel, me diz uma coisa, 
com sinceridade: você
manuseou o ovo? Aquilo 
não resite a um espirro!

* * * * *


Memorando 173, Setor de Design. Ref. reprod. aviária.
     Gabriel, me diz uma coisa, com sinceridade: você manuseou o ovo? Apertou? Diz se isso é trabalho que se apresente?! Aquilo não resiste a um espirro!
De fato, como você mencionou nas explicações anexas, o ovo é muito bonito, é harmônico, dá uma sensação de pureza que se coaduna com o ato da reprodução: mas quantas vezes eu terei que explicar que design não é fricote, é função?! Se dependesse de vocês, tigre ia ter cauda de pavão! Diga pros seus designers e outros querubins envolvidos no projeto que eu não criei a beleza para mascarar defeitos de estrutura! Ou vocês me trazem um ovo mais resistente até o quinto dia ou, em represália, reduzirei para 7 as 27 cores de vosso tão amado arco-íris.
Memorando 178, Setor de Design. Ref. mexerica.
     De duas, uma: ou a casca da mexerica -bela evolução em relação à laranja- foi desenvolvida por uma equipe de designers e os gomos, por outra, ou seus talentosos e desleixados querubins deixaram os gomos por último e, às pressas, ignoraram aqueles irritantes fiapinhos brancos. Repensem. Se eu fizer o homem à minha imagem e semelhança, como estou pensando, ele vai ficar bastante descontente em gastar parte da existência desnudando a fruta dessa infame e pegajosa teia.
Memorando 235, Setor Táctil. Ref. sens. gelo.
     Preguiça, preguiça, preguiça, Rafael! Quando eu acabar a criação, vou fazer uma lista dos sete piores pecados e botar a preguiça entre eles. Pois veja só: eu crio o gelo, que é em tudo oposto ao fogo: um é frio, outro quente, um concentra moléculas, outro as espalha, um conserva, outro destrói. Aí, peço a vocês para me dizerem qual a sensação que o gelo traz à pele e me dizem que ele queima, como o fogo?! Balela esse papo de reversão de expectativa -aliás, vou parar de ler essas explicações anexas, cheias de desculpas disfarçadas de proposta. Pensem numa sensação original e crível. Lembrem-se de que a criação tem que ser lógica, para que a lógica última resida em mim, e mais não direi, pois você -espero- deve ter lido os manuais.
Memorando 53. Setor de cavalgaduras. Ref. unicórnio.
     Nem pensar. De cavalo estranho, já me basta a zebra.
Memorando 675. Ref. Ap. genit/ap. excret.
     Uriel, diz uma coisa: eu pus o céu ao lado do inferno? Não. Sabe o significado de "antípoda"? Pois procure no dicionário. O peixe está no fundo dos rios, as aves, no firmamento. O sol a brilhar de dia, a lua a governar a noite. Então me diz, Uriel, como o aparelho reprodutivo de todo mamífero, toda ave, todo peixe e todo réptil tá colado no aparelho excretor?! Tá certo que pretendemos botar limites à libertinagem, mas não é espalhando excrementos na porta dos templos que impediremos a entrada dos infiéis. Repense.
Memorando 709. Ref. Cons. finais.
     Dona Eulália, favor encaminhar um pote de ambrosia para cada querubim envolvido no projeto da banana, do seio e das bromélias. Demita imediatamente todos os responsáveis pelo gambá.
Sem mais, Deus.

(Crônica de Antonio Prata, publicada na folha de São Paulo desta data, caderno Cotidiano)

beijos

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É culpa da internet

>> quinta-feira, 26 de julho de 2012

Não sei se é ou não, o fato é: eu tenho lido bem menos do que eu lia. Trabalhos manuais tipo scrapbook que eu adorava fazer; parado. Meu tapete de arraiolo que comecei há uns 5 anos; parado.
Estou achando que é hora de rever tudo isso.

* * * * *

Aquela olhadinha despretensiosa no Facebook pode consumir horas de trabalho. Segundo uma pesquisa divulgada recentemente, 62% das pessoas admitem que navegar na internet faz com que elas procrastinem, adiem tarefas profissionais e pessoais.
O estudo, coordenado pelo consultor em gestão do tempo Christian Barbosa, foi feito com cerca de 4.000 pessoas e publicado no livro "Equilíbrio e Resultado - Por que as Pessoas Não Fazem o que Deveriam Fazer?" (Sextante, 144 págs., R$ 24,90), que acaba de ser lançado.
Na pesquisa, 71% dos entrevistados disseram deixar tudo para a última hora. "Eles reclamam de falta de tempo, mas perdem tempo em redes sociais", diz Barbosa.
A internet não é a única culpada, mas é como se ela juntasse a fome com a vontade de comer: a preguiça com a oferta de algo divertido que exige pouco esforço. "Procrastinação sempre existiu, mas antigamente não tinha Skype e Facebook. Hoje a luta é mais severa, há mais coisas para nos sabotar", afirma Barbosa.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, a internet é um "facilitador do 'deixar para depois'" e, ao mesmo tempo, uma desculpa para o adiamento. "A culpa é da falta de vontade. O que eu quero mesmo, eu faço. Mas, na falta de vontade, como não priorizar o prazer?"
Mais de 86% dos entrevistados da pesquisa disseram que procrastinam as tarefas chatas; 51%, as longas.

AS MAIS ADIADAS

Em primeiro lugar no ranking de atividades mais proteladas, nenhuma surpresa: exercício físico. Em segundo, leituras e, em terceiro, cuidados com a saúde.
"Quando as pessoas precisam adiar algo, elas adiam coisas pessoais. Muitas vezes são coisas vitais que a longo prazo podem até diminuir a expectativa de vida, como exercício físico", diz Barbosa.
Nessa hora, a falta de cobrança externa conta bastante. Afinal, ninguém vai ser demitido por faltar à academia ou deixar de ler.
Outro problema é a aceitação das "desculpas emocionais", de acordo com a psicóloga Rachel Kerbauy, professora aposentada da USP e uma das pioneiras no estudo do tema no Brasil.
"Sempre há uma desculpa pronta: está cansado, tem muita coisa para fazer... Falta planejamento e falta a pessoa aprender que, às vezes, para ganhar no futuro tem que perder a curto prazo."
As atividades campeãs de procrastinação têm em comum os resultados demorados. "O reforço não é imediato. O Facebook me dá um retorno muito rápido. O prazer é instantâneo", afirma Rita Karina Sampaio, psicóloga e pesquisadora da Unicamp.

DESPERTADOR

Como não cair na tentação de fuçar o site de fofocas no meio do expediente?
Para Ruffo, se o problema não for mais sério, como no caso de dependência de internet (quando as horas à frente do computador são tantas que prejudicam a vida social), um alarme já ajuda.
"A pessoa pode estabelecer que vai ficar 20 minutos na rede e colocar um despertador para se lembrar de sair na hora certa." Outra ideia é estabelecer metas com prêmio: uma tarefa feita é igual a uma olhadinha no Twitter.
A psicóloga Rita Sampaio sugere que as metas mais difíceis sejam compartilhadas com um amigo ou parente para que a cobrança aumente. E, para os planos mais longos, é interessante definir submetas atingíveis, em prazos menores. "Todo procrastinador tende a ser 'oito ou oitenta' e ter uma visão distorcida do tempo."

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Folha equilíbrio de 24/07/12

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METODOLOGIA
Estudo foi feito on-line
O levantamento coordenado pelo consultor Christian Barbosa foi realizado pela internet com 4.102 pessoas, de outubro de 2011 a abril de 2012. Para formular perguntas e respostas, de alternativas fechadas, foi feita uma pré-pesquisa com 280 pessoas, que responderam a um questionário aberto por telefone e pessoalmente.

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E você, tem adiado compromissos, leitura, encontro com amigos, cinema, exercício físico, e ficando mais tempo na internet?

um beijo

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