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Pense Melhor

>> terça-feira, 30 de abril de 2013

"...COMO SE PODE SER TÃO IDIOTA? ..."
(ilustração de Bebel Franco)

Qual a coisa mais preciosa do mundo? Não é dinheiro, nem amor, nem poder, e vou dar uma pista: não tem forma, nem cheiro, nem cor, não pode ser emprestada, nem dada, nem comprada. Não se vive sem, mas muitos fazem bobagens, um dia precisam dela para viver, mas aí pode ser um pouco --ou muito-- tarde. Adivinhou?
     As pessoas começam a fumar cedo: porque é moda, para mostrar que não seguem as modas, ou por qualquer coisa tão boba quanto. Aconteceu comigo.
     Fumei todos os cigarros a que tive direito, e houve um momento em que escadas e ladeiras viraram um verdadeiro suplicio. O curioso --e trágico-- é que nunca nenhum amigo (e foram muitos), ao me ver assim, me disse que o problema era o cigarro.
     E como eu não sabia, quando parava para descansar, num café ou num banco de rua, relaxava fumando mais um cigarro, ai ai.
     Há alguns anos fiquei mais ou menos e parei, claro. Quando voltei a me sentir bem, achei que fumar um cigarrinho ou dois não me faria nenhum mal, e tive pequenas recaídas. Como sou ansiosa, e se puserem uma caixa de chocolates perto de mim vou comer até o último, com os cigarros é a mesma coisa --sem comentários.
     Comecei então a inventar pequenos truques: comprava dois cigarros no varejo, na banca de jornais; à noite, se fosse preciso, comprava mais dois. Dessa forma, eu achava que havia vencido o vicio, mas se algum amigo tirava um maço do bolso eu me atirava como se fosse a mais miserável viciada em crack.
     Houve vezes em que, num restaurante --no tempo em que ainda se fumava em restaurantes-- eu via alguém fumando, chegava perto e dizia, na maior simplicidade, "eu deixei de fumar, será que posso filar um cigarrinho?"
     Não há maior solidariedade do que entre viciados, sejam eles em cocaína, heroína, ou nicotina. As pessoas a quem eu pedia um cigarro eram todas simpáticas, nunca nenhuma delas me disse não; sempre sorrindo, cúmplices, compreensivas.
     A vida foi correndo solta, até que em uma viagem a um país onde cigarros não são vendidos no varejo, comprei um maço. Foi o primeiro de muitos; voltei péssima, as coisas tinham ido além do limite. Tive medo, parei no tranco, mais uma vez, e entendi que com vícios não dá para brincar.
     Hoje, quando vejo uma pessoa fumando na rua tenho vontade de parar, sacudi-la pelos ombros e contar o que foi o cigarro na minha vida. Mas lembro que quando ouvia um discurso contra o fumo, acendia um, só para provocar; como se pode ser tão idiota?
     O cigarro é um vício traiçoeiro: custa barato, pode ser comprado em qualquer botequim, e não é crime. Além disso, é --aparentemente-- o companheiro na hora do estresse, da solidão, da festa, da tristeza, enfim, de todas as horas.
     Eu me convenceria de que o cigarro não faz mal se visse, numa reunião de diretoria de um Marlboro da vida, quando são discutidas as novas técnicas de marketing para aumentar as vendas, todos fumando. Aliás, se fosse um só diretor, já me convenceria.
     Dá para acreditar que alguém ponha um tubinho na boca, acenda e aspire, várias vezes por dia, sabendo que --é inevitável-- um dia vai sofrer de falta de ar?
     Como eu dizia, a coisa mais importante que existe na vida não tem cheiro, nem forma, nem cor, e não se compra com dinheiro nenhum: é o ar que se respira.
     P.S.: Quanto mais cedo você parar, melhor, mas é sempre tempo. Para mim, foi.
(Danuza Leão - publicado na Folha de São Paulo - Caderno Cotidiano em 21/04/13)

Não fico fazendo discursos, nem dizendo pra meus parentes e amigos não fumarem. Também já fumei e parei num momento que achei importante para minha saúde e dos que estavam a meu redor. Mas fico com o PS da Danuza: Sempre é tempo, e quanto mais cedo........ MELHOR.

beijos

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Novos pergaminhos do mar Morto

>> quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Gente, ando numa correria tão louca, que nem tenho tido tempo pra postar, pra entrar nos blogs, enfim, pra conversar e ver as coisas bonitas que vocês andam fazendo.
Mas hoje, quarta-feira, é claro que roubei um pouquinho do tempo dos afazeres pra ler o meu querido Antonio Prata, adorei e estou compartilhando com vocês. Espero que gostem também.

* * * * *

Gabriel, me diz uma coisa, 
com sinceridade: você
manuseou o ovo? Aquilo 
não resite a um espirro!

* * * * *


Memorando 173, Setor de Design. Ref. reprod. aviária.
     Gabriel, me diz uma coisa, com sinceridade: você manuseou o ovo? Apertou? Diz se isso é trabalho que se apresente?! Aquilo não resiste a um espirro!
De fato, como você mencionou nas explicações anexas, o ovo é muito bonito, é harmônico, dá uma sensação de pureza que se coaduna com o ato da reprodução: mas quantas vezes eu terei que explicar que design não é fricote, é função?! Se dependesse de vocês, tigre ia ter cauda de pavão! Diga pros seus designers e outros querubins envolvidos no projeto que eu não criei a beleza para mascarar defeitos de estrutura! Ou vocês me trazem um ovo mais resistente até o quinto dia ou, em represália, reduzirei para 7 as 27 cores de vosso tão amado arco-íris.
Memorando 178, Setor de Design. Ref. mexerica.
     De duas, uma: ou a casca da mexerica -bela evolução em relação à laranja- foi desenvolvida por uma equipe de designers e os gomos, por outra, ou seus talentosos e desleixados querubins deixaram os gomos por último e, às pressas, ignoraram aqueles irritantes fiapinhos brancos. Repensem. Se eu fizer o homem à minha imagem e semelhança, como estou pensando, ele vai ficar bastante descontente em gastar parte da existência desnudando a fruta dessa infame e pegajosa teia.
Memorando 235, Setor Táctil. Ref. sens. gelo.
     Preguiça, preguiça, preguiça, Rafael! Quando eu acabar a criação, vou fazer uma lista dos sete piores pecados e botar a preguiça entre eles. Pois veja só: eu crio o gelo, que é em tudo oposto ao fogo: um é frio, outro quente, um concentra moléculas, outro as espalha, um conserva, outro destrói. Aí, peço a vocês para me dizerem qual a sensação que o gelo traz à pele e me dizem que ele queima, como o fogo?! Balela esse papo de reversão de expectativa -aliás, vou parar de ler essas explicações anexas, cheias de desculpas disfarçadas de proposta. Pensem numa sensação original e crível. Lembrem-se de que a criação tem que ser lógica, para que a lógica última resida em mim, e mais não direi, pois você -espero- deve ter lido os manuais.
Memorando 53. Setor de cavalgaduras. Ref. unicórnio.
     Nem pensar. De cavalo estranho, já me basta a zebra.
Memorando 675. Ref. Ap. genit/ap. excret.
     Uriel, diz uma coisa: eu pus o céu ao lado do inferno? Não. Sabe o significado de "antípoda"? Pois procure no dicionário. O peixe está no fundo dos rios, as aves, no firmamento. O sol a brilhar de dia, a lua a governar a noite. Então me diz, Uriel, como o aparelho reprodutivo de todo mamífero, toda ave, todo peixe e todo réptil tá colado no aparelho excretor?! Tá certo que pretendemos botar limites à libertinagem, mas não é espalhando excrementos na porta dos templos que impediremos a entrada dos infiéis. Repense.
Memorando 709. Ref. Cons. finais.
     Dona Eulália, favor encaminhar um pote de ambrosia para cada querubim envolvido no projeto da banana, do seio e das bromélias. Demita imediatamente todos os responsáveis pelo gambá.
Sem mais, Deus.

(Crônica de Antonio Prata, publicada na folha de São Paulo desta data, caderno Cotidiano)

beijos

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É culpa da internet

>> quinta-feira, 26 de julho de 2012

Não sei se é ou não, o fato é: eu tenho lido bem menos do que eu lia. Trabalhos manuais tipo scrapbook que eu adorava fazer; parado. Meu tapete de arraiolo que comecei há uns 5 anos; parado.
Estou achando que é hora de rever tudo isso.

* * * * *

Aquela olhadinha despretensiosa no Facebook pode consumir horas de trabalho. Segundo uma pesquisa divulgada recentemente, 62% das pessoas admitem que navegar na internet faz com que elas procrastinem, adiem tarefas profissionais e pessoais.
O estudo, coordenado pelo consultor em gestão do tempo Christian Barbosa, foi feito com cerca de 4.000 pessoas e publicado no livro "Equilíbrio e Resultado - Por que as Pessoas Não Fazem o que Deveriam Fazer?" (Sextante, 144 págs., R$ 24,90), que acaba de ser lançado.
Na pesquisa, 71% dos entrevistados disseram deixar tudo para a última hora. "Eles reclamam de falta de tempo, mas perdem tempo em redes sociais", diz Barbosa.
A internet não é a única culpada, mas é como se ela juntasse a fome com a vontade de comer: a preguiça com a oferta de algo divertido que exige pouco esforço. "Procrastinação sempre existiu, mas antigamente não tinha Skype e Facebook. Hoje a luta é mais severa, há mais coisas para nos sabotar", afirma Barbosa.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, a internet é um "facilitador do 'deixar para depois'" e, ao mesmo tempo, uma desculpa para o adiamento. "A culpa é da falta de vontade. O que eu quero mesmo, eu faço. Mas, na falta de vontade, como não priorizar o prazer?"
Mais de 86% dos entrevistados da pesquisa disseram que procrastinam as tarefas chatas; 51%, as longas.

AS MAIS ADIADAS

Em primeiro lugar no ranking de atividades mais proteladas, nenhuma surpresa: exercício físico. Em segundo, leituras e, em terceiro, cuidados com a saúde.
"Quando as pessoas precisam adiar algo, elas adiam coisas pessoais. Muitas vezes são coisas vitais que a longo prazo podem até diminuir a expectativa de vida, como exercício físico", diz Barbosa.
Nessa hora, a falta de cobrança externa conta bastante. Afinal, ninguém vai ser demitido por faltar à academia ou deixar de ler.
Outro problema é a aceitação das "desculpas emocionais", de acordo com a psicóloga Rachel Kerbauy, professora aposentada da USP e uma das pioneiras no estudo do tema no Brasil.
"Sempre há uma desculpa pronta: está cansado, tem muita coisa para fazer... Falta planejamento e falta a pessoa aprender que, às vezes, para ganhar no futuro tem que perder a curto prazo."
As atividades campeãs de procrastinação têm em comum os resultados demorados. "O reforço não é imediato. O Facebook me dá um retorno muito rápido. O prazer é instantâneo", afirma Rita Karina Sampaio, psicóloga e pesquisadora da Unicamp.

DESPERTADOR

Como não cair na tentação de fuçar o site de fofocas no meio do expediente?
Para Ruffo, se o problema não for mais sério, como no caso de dependência de internet (quando as horas à frente do computador são tantas que prejudicam a vida social), um alarme já ajuda.
"A pessoa pode estabelecer que vai ficar 20 minutos na rede e colocar um despertador para se lembrar de sair na hora certa." Outra ideia é estabelecer metas com prêmio: uma tarefa feita é igual a uma olhadinha no Twitter.
A psicóloga Rita Sampaio sugere que as metas mais difíceis sejam compartilhadas com um amigo ou parente para que a cobrança aumente. E, para os planos mais longos, é interessante definir submetas atingíveis, em prazos menores. "Todo procrastinador tende a ser 'oito ou oitenta' e ter uma visão distorcida do tempo."

JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Folha equilíbrio de 24/07/12

* * * * *
METODOLOGIA
Estudo foi feito on-line
O levantamento coordenado pelo consultor Christian Barbosa foi realizado pela internet com 4.102 pessoas, de outubro de 2011 a abril de 2012. Para formular perguntas e respostas, de alternativas fechadas, foi feita uma pré-pesquisa com 280 pessoas, que responderam a um questionário aberto por telefone e pessoalmente.

* * * * *


E você, tem adiado compromissos, leitura, encontro com amigos, cinema, exercício físico, e ficando mais tempo na internet?

um beijo

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Ainda bem que você não veio de sunga

>> terça-feira, 3 de julho de 2012


INVEJAS FEMININAS

O coquetel de lançamento do meu novo livro, "Tudo o que Você Não Queria Saber sobre Sexo", foi no Dia dos Namorados, na Livraria Travessa do Shopping Leblon.
     Já no mês anterior comecei a procurar o vestido para o evento. Comprei um vermelho, mas achei muito simples. Comprei outro, verde, mas achei muito formal. Tentei um lilás, de renda, mas achei muito apagado. Uma aluna da pós-graduação, figurinista de novelas, sabendo da minha ansiedade, deixou na minha casa um lindo vestido vermelho.
     Postei na minha página do Facebook uma pergunta do livro: "O que você mais inveja em um homem?". As mulheres responderam: liberdade, fazer xixi em pé, capacidade de separar sexo e amor, não engordar tão facilmente, não menstruar, não ter TPM, não ter menopausa, não precisar se depilar, não ter celulite.
     Uma amiga escreveu: "Invejo a falta de preocupação deles na hora de sair. Eles não perdem horas para se arrumar ou dias pensando no que vão usar naquele evento especial, se o modelo está na moda, se a cor combina com o tom da pele, os acessórios, se vai ter alguém com o mesmo vestido, em arrumar o cabelo, fazer a maquiagem... Ufa! Que mão de obra!".
     Outra disse: "Invejo a facilidade masculina para se vestir. Um terno e ele está pronto para casamentos, uma camisa mais arrumada e pode ir a festas, jeans e camiseta e está perfeito para sair. E pode repetir a mesma roupa inúmeras vezes. É quase um uniforme".
     Mandei uma mensagem para o coautor do livro, o cartunista Adão Iturrusgarai, que mora na Argentina: "Você também está sofrendo para encontrar o figurino do lançamento?". Ele respondeu: "Nós, homens, somos mais simples. Meu modelito de lançamento será uma sunga".
     O evento começava às 19h. Experimentei todos os vestidos e optei pelo vermelho mais simples. Saí de casa, andei duas quadras e voltei para trocar pelo verde. No banheiro do shopping, troquei o verde pelo vermelho deixado pela figurinista.
     Entrei na livraria bastante insegura. Logo percebi, pelos elogios, que havia feito a escolha certa. Gastei um dia inteiro me produzindo: fiz maquiagem, arrumei o cabelo, fiz as unhas das mãos e dos pés e depilação e experimentei vários vestidos, sandálias, brincos etc.
     Encontro com o Adão: ele veste uma camiseta branca, um jeans surrado e um tênis.
     Suspiro e penso: "Como é muito mais fácil ser homem".
     Disfarço minha inveja e brinco com ele: "Ainda bem que você não veio de sunga".
MIRIAN GOLDENBERG, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "Toda Mulher é Meio Leila Diniz" (Ed. BestBolso)

beijos

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O seu namorado/marido/companheiro faz isso???

>> quarta-feira, 23 de maio de 2012


O meu, infelizmente, não gosta muito de dançar, mas sabe que, pensando bem, não me lembro de um momento desses?
Mas ......... deve fazer. 
Numa próxima festa, depois de alguns drinks, vou levá-lo para a pista de dança bem na hora do "rock and roll". Vamos ver se ele também gosta.

* * *
Eu podia estar de pochete, de 
moletom, palitando os dentes, 
mas tô só aproveitando a vida
* * *

Então, no último sábado, depois de dez anos de repressão, dez anos de autocontrole e sofrimento, durante os quais curvei-me aos ditames do recato e do bom gosto, liberei a guitarrinha. Estou falando daquele gesto, ou melhor, daquele hábito, tão execrado pelas mulheres quanto adorado pelos homens, de tocar uma guitarra imaginária na pista de dança.
     De uns tempos para cá, deram pra chamar a firula de "air guitar" e existe, inclusive, o "Air Guitar World Championship", disputado todo ano em Oulu, na Finlândia (migre.me/9atst), mas campeonatos de air guitar estão para a guitarrinha como Wimbledon para o frescobol: quando os primeiros acordes de "Satisfaction" soam pelas caixas da festa, a última coisa que passa pela minha cabeça é a perfeição dos movimentos, é superar os comparsas que, de olhos fechados e empunhando Fenders inexistentes, vivem seus momentos de Keith Richards, levando milhares de pessoas ao delírio nos estádios lotados de suas fantasias. 
     Pois guitarrinha, meu caro, é entrega. Entusiasmo. Guitarrinha -eu digo de boca cheia, sem medo do clichê- é emoção.
     É por isso -aliás, percebo agora- que as mulheres ficam tão incomodadas com essa nossa prática lúdico-patética. Pois, por maiores que tenham sido suas conquistas nos últimos cem anos, por mais emancipadas que estejam, ainda querem, no fundo, um homem controlado e seguro, um homem que -elas sonham, do alto de seus saltos e de seus cargos- seja capaz de apaziguar seus anseios, aplacar suas angústias, um tipo sereno e calado, enfim, nada a ver com o sujeito que, depois do segundo uísque, com as pernas flexionadas e as costas tombadas para trás, chacoalha a calva como se balançasse a cabeleira do Slash, contraindo os dedos convulsivamente, emulando as primeiras notas de "Sweet Child O' Mine".
     Lembro vagamente de quando soube que vivia em pecado. Foi em algum momento entre o último boletim e o primeiro holerite. Numa mesa de bar, quatro ou cinco garotas listavam as maiores heresias da condição masculina, e lá estava ela, a guitarrinha, empatada com a pochete, o palito de dente, o moletom e a exibição do cofrinho na troca de pneus. Eu, que sempre fui um fraco, que, desde o surgimento dos primeiros hormônios, pendurados nos ralos pelos do buço, sempre fiz o que pude para agradar às mulheres, para conseguir sua atenção, sua admiração e, se possível, seus carinhos, acatei essas arbitrárias interdições. Reprimi o George Harrison no backstage de meu ser e ali o deixei -até o último sábado.
     Acho que tem a ver com esta cômoda idade: 30 e poucos. Ainda temos o vigor da juventude -o vigor necessário para solar uma guitarra imaginária-, mas já deixamos pra trás o pudor da adolescência -pudor de contrariar as diretrizes do grupo, de não se encaixar na moldura da época. Até os 29 você ainda tem esperanças de se tornar outra pessoa. Depois dos 30, você simplesmente aceita ser quem é, relaxa e goza. E não me olhe assim, meu amor: eu podia estar roubando, matando, podia estar de pochete, de moletom, palitando os dentes no casamento da Renatinha; tô só aproveitando a vida, enquanto é tempo, "while my [air] guitar gently weeps".


um beijo

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E a mãe ficou velhinha

>> terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

E de repente, veio a saudade. 
Bastou ler um trechinho da crônica e meus olhos se voltaram lá pra trás, onde ela estava sempre com pó de arroz no rosto, um colar, seu brinquinho de ouro que ela gostava de exibir, e sempre pronta para um passeio.
Ela nunca caiu, embora ficasse "meio zonza", como dizia. 
Gostava quando os filhos estavam todos reunidos e quando ia a uma festa e podia dançar com um deles. E os dois mais novos - pé de valsa - estavam sempre lá pra fazer sua vontade.
Mãe, estou com saudades do colo, das coisas que eu não disse, dos presentes que não comprei, mas tento seguir o que me ensinou na educação do meu filho, e sempre peço para que esteja bem, junto ao meu pai e ao meu irmão. 

* * * * *
Dá aflição saber que a mãe,
sempre tão firme em sua
marcha, agora precisa
caminhar com mais calma.
* * * * *

JÁ VINHA botando reparo havia algum tempo: cada vez mais cedo ela dormia durante nossas sessões de cinema em casa ­-até no filme do Marley, o labrador arteiro que ela amava, foi assim.
     Começou a faltar a ela aquela força de sempre para me dar uma empurradinha pelas calçadas esburacadas. Ganhou um desequilíbrio do nada e uma saudade de tudo. Mamãe envelheceu.
     Dá uma certa aflição, não vou fazer rodeios para admitir, saber que a mãe, sempre tão firme em sua marcha aplicada com um sapato baixinho e confortável, que buscava o sustento, o futuro e a felicidade dos filhos, agora precisa caminhar com mais calma e cuidado.
     Meu coração ficou como no momento do samba derradeiro, dias atrás, quando entrou pelo corredor do restaurante uma senhorinha esbaforida, com a mão machucada, semblante de susto e passinhos de quem havia passado maus bocados. E havia passado. Caiu no meio da rua. Estava entre a aflição da dor e a carência de algum aconchego.
     E se a minha mãe, agora velhinha, desabasse em um algum ermo de mundo também? Será que a acolheriam com a atenção e a presteza que a mãe da gente tem o direito de receber? E se ela ficasse meio descompensada e não soubesse nem em que planeta estava?
     O almoço perdeu a graça e eu só pensava nas feridas da senhorinha, que foi gentilmente atendida com cuidados orientais das mãos da dona do boteco, uma "japa" sorridente. Sosseguei quando ela garantiu que estava tudo bem e que cuidaria da velhinha.
     Mãe não tem dor de cabeça, não tem fome, não tem preguiça de fazer mingau, não tem medo de barata, não tem limite no cartão para emprestar um dinheirinho, mas, de repente, ela envelhece e faz o filho pensar que ela pode sofrer sim.
     Lá em casa, mamãe nunca foi "rainha do lar". Estava mesmo é para Margaret Thatcher em meio a contas para pagar, bocas para encher, uma criança com deficiência para dar jeito. Logo, quando vi Meryl Streep interpretando a "Dama de Ferro" já cansada, abatida pelo destino irrefutável da idade, quis dar um Oscar pelo conjunto da obra para a minha "santa".
     Tudo é possível na velhice e ser velho é conquista, jamais um demérito para quem sabe aproveitar a existência. É que o tempo vai passando e fico aflito por diversas ocasiões de amor que ainda não vivi com minha mãe -nem a viagem para Poços de Caldas, que ela jura ser de caldas de doces, fizemos.
     Não queria vê-la frágil, por mais bonita que seja a pétala. Não queria vê-la cansada, por mais nobre que seja o vencedor de maratonas. Não queria que jamais a senhora caísse, mãe, por mais que, como você a vida toda disse: "Quem não cai não aprende a se levantar".
* * * * *
     Amanhã, um dia ímpar, 29 de fevereiro, é comemorado o "Dia Mundial das Doenças Raras". Estas enfermidades, a maioria de origem genética, acometem cerca de 8% dos viventes em cerca de 8.000 tipos diferentes de manifestações.
A batalha do povo "raro" e de seus filhos, pais, irmãos e amigos é por diagnósticos médicos mais rápidos e precisos para que assim se evitem efeitos que danem a vida das vítimas de forma mais cabulosa. "Tamojunto".
jairo.marques@grupofolha.com.br
Crônica publicada no jornal Folha de São Paulo em 28/02/12, caderno Cotidiano.


beijos

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Grave, o recado

>> quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Querido Antonio Prata
Desta vez eu também vou concordar com os seus amigos.
Eu detesto recados nos celulares, ainda mais no atual aparelho (que tem apenas um ano e já está super/mega ultrapassado) que eu tenho que apertar umas 3 teclas pra desbloquear e colocar a senha.
Então, SMS é bem melhor.
Ainda não tenho serviço de e-mail no celular, estou na fase de pensar se isso seria bom ou não.
Meus filhos não vivem sem, estão ligados o dia todo.
Mas eu não sei..... será que eu quero isso pra mim?
Um abraço
* * * * *
Descobri que a birra com relação 
deixar recado no celular é 
consensual, quase falta de educação
* * * * *

Descobri por esses dias que deixar recado no celular saiu de moda. Pior, tornou-se quase falta de educação, algo assim como pedir dinheiro emprestado ou mordida de sanduíche.
     Fiquei sabendo desta nova cláusula da etiqueta ao ligar para uma amiga, advogada. Ela não atendeu, entrou a gravação e eu já estava pensando em alguma gracinha para dizer, uma dessas bobagens inúteis e carinhosas que regalamos às pessoas queridas -como um bombom que se larga na mesa de uma colega de trabalho, na volta do almoço-, quando dei com as torpes palavras: "Oi, aqui é a Mariana, POR FAVOR, NÃO DEIXE RECADO, prefiro que me mande uma mensagem de texto".
     Eu, ingênuo, achei que o problema era da Mariana. Tadinha, tá trabalhando muito, ralando ali naquele balcão de tragédias que é o exercício do direito; normal que, em nome de causas maiores, tenha deixado para trás os pequenos prazeres da vida. Como não queria ser responsabilizado pela condenação de inocentes ou pela absolvição de criminosos, desliguei o telefone antes do bip e esqueci o assunto.
     Até que, anteontem, liguei para um amigo músico. Vejam bem: mú-si-co. E não é que ouvi o mesmo desaforo? "Oi, aqui é o Jaime, NÃO DEIXE RECADO, me manda um SMS ou um e-mail e eu te respondo, tá?". Não, Jaime, não tá. O que é isso, companheiro?! Cê é controlador de voo? Motorista de ambulância? Vendedor de amendoim em final de campeonato? Não; então não enche o saco e ouve meu recado, que eu te conheço desde o jardim 2 e acho que mereço 27 segundos de seu tempo, cazzo!
     Fossem só a Mariana e o Jaime, tudo bem, mas assuntei por aí e descobri que a birra é consensual. "Se o bina nos informa quem ligou e o SMS e o e-mail dão conta de qualquer mensagem, pra que perder tempo escutando aquela ladainha?", dizem.
     Realmente, tem sua lógica. Sugiro, aliás, aplicá-la a outras esferas do comportamento humano, de modo deixar nosso cotidiano mais eficiente. Por exemplo: se já existem vitaminas em pílulas e carboidrato em gel, pra que fazer uma refeição? Ou; uma vez inventada a inseminação artificial, vamos parar com esse arcaísmo de botar-se nu sobre outra pessoa, igualmente nua, e ficar indo, vindo e grunhindo? Céus, que época para se viver!
     Não, talvez não seja a época, mas a idade em que me encontro, em que se encontra a maioria das pessoas com quem convivo: 30 e poucos anos. Essa presunção estúpida de que cada um de nós é uma engrenagem fundamental na máquina do mundo, elo importantíssimo no processo de fritura do torresmo.
     Estou fazendo graça; sinto-me um tanto hipócrita. Não fujo à regra. Também ando por aí, afobadinho e ansioso, querendo otimizar meu tempo, com raiva dos outros sempre que se tornam obstáculos à plena realização das minhas capacidades produtivas.
     Que ridículo. No fim das contas, o único momento em que seremos 100% produtivos, em que nem uma célula será desperdiçada e nem uma caloria gasta em vão, é quando virarmos adubo para o capim do cemitério. E nessa hora, meus caros, enquanto estivermos devolvendo ao cosmos a energia que nos foi brevemente emprestada, não precisaremos nos preocupar: ninguém vai telefonar para atrapalhar nosso trabalho. Ou melhor, o das minhocas.
antonioprata.folha@uol.com.br
@antonioprata

beijos

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Eu vou tentar

>> segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mais uma voz que se cala.
Eu não tenho nenhum disco de Whitney Houston que morreu no sábado, 11/02/12, aos 48 anos de idade, mas gostava muito de ouvir alguns de seus sucessos.
E fico triste também quando alguém, com uma carreira que já tinha dado super certo, se envereda por um caminho sem volta, deixando perplexos os amigos, fãs e familiares.
Mas, foi o caminho escolhido por ela, então que descanse em paz.


E já que falei em morte - Mórbido isso - quero falar uma coisa sobre VIDA.
Lendo hoje uma reportagem no jornal Folha de São Paulo, no caderno Saúde, li sobre o livro "The Top Five Regrets of the Dying" (Os Cinco Maiores Arrependimentos à Beira da Morte), onde ela conta histórias sobre doentes terminais de câncer.
Então eu pensei: Que tal se a gente começasse a fazer, pelo menos esses cinco arrependimentos mais comuns, ao invés de se arrepender?
São coisas simples:
(foto que ganhei do Alexandre do blog Lost in Japan)
Eu queria ...
  • Ter vivido a vida que eu desejava, não aquela que os outros esperavam de mim.
  • Não ter trabalhado tanto.
  • Ter tido coragem de expressar meus sentimentos.
  • Ter estado mais perto dos meus amigos.
  • Ter me feito mais feliz.
De minha parte, eu vou tentar.
E você?

beijos

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Mulheres ricas tomaram o país

>> sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Eu tentei, juro que tentei! Mas.... não deu. 
É muita abobrinha pra uma pessoa só, ou, várias, como é o caso das 5 "Mulheres Ricas".
Todo mundo sabe do que estou falando aqui, não sabe? Porque eu me recuso a colocar mais fotos do que a mídia já tem mostrado. Não que o meu blog seja visto por milhões de pessoas, mas eu não quero guardar pra mim essas imagens.
Pessoas que pensam só em si; será que algumas delas, entre um champanhe e outro, coisa que fazem o tempo todo (será que ricos são assim mesmo? du-vi-do) pensa em destinar uma parte para alguma campanha de solidariedade?
Enquanto uma vive dizendo "Ai, que loucura" pra qualquer coisa, uma outra diz "Ai, que delícia" numa aula de tiro ao imaginar ter acertado a cabeça de um bandido.
Delícia? foi isso mesmo que ela disse? Pior: foi.
Tudo bem, muitas vezes eu mesma, num momento de pura raiva, ao ver inocentes sendo torturados por bandidos imagino como seria bom se eles sofressem a mesma coisa. 
Mas isso é um momento, pronto, passou. Logicamente eu sei que não é assim que funciona, mas...... delícia?
Então o que eu acho é que desse programa, mesmo sem precisar assisti-lo, é que a gente pode tirar algumas lições:
- que o importante na vida é SER, e não TER, que é o que elas pensam;
- sei que pelo menos uma delas foi uma moça super simples. Então, a gente deve tentar SER mais alguma coisa e pode-se sim chegar lá, basta ter garra, determinação (um pouco de sorte ajuda também) e reconhecimento.
- tratar os outros como a gente gostaria de ser tratado. Os novos ricos ou os que se tornaram ricos, geralmente olham as pessoas de cima pra baixo, fazendo com que se sintam realmente inferiores.
Ah! me lembrei de outra coisa que eu li.
Tem uma dessas 5 que dá água francesa para seu cachorrinho, e, pasmem...... em uma taça.
Hello! Taça para cachorro? Pode?
* * * * *
Não vi tanta diferença assim 
entre minhas novas amigas
da penitenciária e as antigas
do Jardim Europa
* * * * *
E por falar em "Mulheres Ricas", nesta semana estive na Penitenciária Feminina 2 de Tremembé (SP) conversando com as presas.
     Sabe como é, Narcisa anda muito ocupada com a preparação do Carnaval, Celita, me disseram, vai passar uma temporada em Paris e parece que Lucila está embarcando com Jorge e os filhos para uma temporada de esqui -o que fazem muito bem porque a neve este ano está divina e abundante.
     Então sobrei eu aqui sem ninguém para papear, uma sina mortal para uma matraca-traca que não consegue calar-se nunca.
     E meu negócio, você sabe, é ser ouvida por gente como eu, que tenha alma de mulher rica. Se tirar minha cutícula enquanto conversamos, então, é capaz de eu entregar todos os meus bens terrenos à minha interlocutora.
     Mas como só dá para fazer a unha uma vez por semana, resolvi aceitar o desafio proposto por uma equipe de TV: fazer uma reportagem com as presas no xilindró novinho em folha do complexo de presídios que o Geraldo inaugurou lá perto de Taubaté.
     Tem ali cada cadeia linda que só vendo, deve ter dono de construtora rindo a caminho do banco. São Paulo, Estado de visão, soube enxergar que miséria e violência podem ser uma indústria lucrativa. Agora deveriam tratar de exportar o know-how para o mundo. Polo industrial de presídios do Geraldo: um Brasil que pensa grande.
     Quem passou temporada numa das cadeias desse lustroso complexo foi o Edemar (amigo do Jorge e da Lucila, olha só que mundo pequeno). Noutra estão a Nardoni e a Suzane von Richthofen. Lindérrima ela, se a vida não a tivesse desencaminhado, poderia ter sido garota-propaganda dos tubos e conexões de PVC Tigre, não poderia?
     Mas Nardoni e Susie não são aceitas na penitenciária que visitei. O povo da Feminina 2 de Tremembé não quer saber de gentalha de quinta, só lidam com garotas de terceira e quarta linhas. Daí eu ter sido acolhida com tamanha simpatia. Todo mundo veio ter comigo de pés e mãos bem manicurados, de lacinho no cabelo, uma graça. Parecia cadeia de filme americano. Também. Com o tempo de sobra que elas têm nas mãos, estresse não é o maior problema que a turma enfrenta.
     É nesta parte que algum obtuso irá interromper meu relato para invocar os famigerados "direitos humanos para bandidos" ou quem ele acha que defende esses direitos superespeciais que não prevalecem para o cidadão comum, mas que existiriam para criminosos.
     Ainda há quem não perceba que miseráveis são forçados a viver em confronto constante com a autoridade policial sem ter como se defender. E que continuam sem proteção depois de receber penas exageradas por delitos insignificantes.
     Mas o que nos importa aqui é que passei o dia falando com a mulherada e a história se repetia: quase todas foram seduzidas por um amor bandido e a promessa de dinheiro fácil. A maioria está presa por tráfico, as mais gaiatas por levar drogas ao companheiro encarcerado.
     Vem cá: é para enjaular pobres diabas que sonham em consumir como Narcisas que estamos construindo esse monte de penitenciária? Bem, eu não vi tanta diferença assim entre minhas novas amigas e as antigas do Jardim Europa. No fim das contas, o movimento é parecido: todas querem ser "Mulheres Ricas" e fazem o que podem para chegar lá.
barbara@uol.com.br
@barbaragancia



beijos 
e um excelente final de semana

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Nunca é tarde

>> terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Boa Tarde
Depois de um tempão, estou voltando. É claro que eu gosto de pensar que todos sentiram muito a minha falta, mas eu sei que não é bem assim.
Algumas pessoas podem ter vindo, outras viram pelo seu blog que não tinha nada de novo, outras não vieram mesmo porque não estão acostumadas a vir aqui e outras, assim como eu, também andam tão atarefadas que o blog fica pra depois.
Mas vamos lá. Será que perdi muita coisa nesses 12 dias ausente? 
Se souberem de alguma novidade boa, alguém me conta?


Mas eu tenho uma coisa pra contar, que eu acho MUITO BOA, se bem que, quem visita o blog da Elaine Gaspareto já está sabendo.
É o novo Concurso Literário. Você participou do VIDAS?
Então... só que agora já temos mais experiência, então temos tudo pra fazer um novo livro com mais sucesso do que o primeiro, não acham?
Podem começar a sonhar tá?


Eu queria falar aqui também de uma coisa, esta não muito alegre ou que nos faça feliz, muito pelo contrário.
É que eu estou com muitas saudades da Glorinha, e como vocês devem ter visto no post que ela fez Esperanças & Expectativas, onde conta o caso da doença que a atingiu, essa ausência dela da blogosfera está fazendo muita falta.
Suas reflexões, suas blogagens coletivas, seus poemas, contos, incertezas, verdades, sonhos, embalavam nossos dias e novos posts.
Então o que eu quero? 
Quero que ela volte logo e pra isso queria poder contar com todo mundo.
Nossas boas energias, pensamentos positivos, nossas orações (eu sei que ela não acredita muito, mas...), assim como fizemos uma blogagem no aniversário dela, agora seria nossa mente voltada para ela, para a família e principalmente aos médicos que a estão tratando.
Afinal, queremos nossa amiga de volta, certo?
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E hoje eu li um artigo que gostei muito e queria compartilhar com vocês. 
Ele não é para todas, acho que vai interessar apenas para as jovens com mais de 60 anos. Mas quem sabe, você lendo "Pena que descobri a liberdade de ser eu mesma tão tarde. Espero que minhas netas descubram o valor da liberdade muito mais cedo", você não resolva deixar muitas insatisfações de lado, e curtir mais o lado simples e bom da vida?


beijos
Mulheres mais velhas aprendem 
que a verdadeira realização é poder 
investir nos próprios desejos

No Brasil, o corpo é um capital. A crença de que o corpo jovem, magro e perfeito é uma riqueza produz uma cultura de enorme investimento na forma física e, também, de profunda insatisfação com a própria aparência.
     Quase 100% das brasileiras se sentem infelizes com o próprio corpo.
     Ter uma família também é importantíssimo. Casar e ter filhos é um desejo ainda muito presente em todas as gerações e classes sociais. Muitas brasileiras, no entanto, se sentem frustradas por não serem reconhecidas ou valorizadas por maridos e filhos.
     Uma professora de 41 anos disse: "Passei a vida inteira cuidando da casa, do marido e dos filhos. Meu marido me traiu com uma garota de 22 anos. Meus filhos nem respondem aos meus telefonemas. Deles, só recebo patadas. Minha única alegria são meus gatos e cachorros".
     Ao pesquisar mulheres mais velhas, descobri outra realidade. Muito mais importante do que a aparência e o marido é a liberdade que adquiriram com a maturidade.
     Uma médica de 63 anos disse: "Descobri que a verdadeira realização não está no corpo perfeito, na família perfeita, no trabalho perfeito, na vida perfeita, mas na possibilidade de exercer meus desejos, explorando caminhos novos e tendo a coragem de ser diferente. Descobri que não devo me comparar a outras mulheres, pois posso ser única e especial".
     Mais velhas, elas passam a exibir seus corpos sem medo do olhar dos outros, sem vergonha das imperfeições e sem procurar a aprovação masculina.
     Aprendem que a felicidade pode estar em coisas simples, como dar risadas com as amigas, ter uma alimentação saudável, caminhar na praia. Passam a investir nos próprios prazeres, como fazer pilates, estudar, viajar etc.
     Elas passam a cuidar de si mesmas com o mesmo carinho que dedicaram aos filhos, marido, familiares. Não se sacrificam mais e não se esforçam tanto para provar o próprio valor. O centro do cuidado deixa de ser para o outro e passa a ser para si.
     Uma professora aposentada de 75 anos disse: "Não tenho marido e sou feliz. Invisto meu tempo, energia e dinheiro em mim. Não me preocupo mais com a opinião dos outros. Não tenho mais medo de dizer o que penso e quero. Tudo ficou muito melhor com a idade. Fiquei mais segura, confiante e autêntica. Pena que descobri a liberdade de ser eu mesma tão tarde. Espero que minhas netas descubram o valor da liberdade muito mais cedo".
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O resgate das escovas milenares

>> quarta-feira, 11 de janeiro de 2012


Sair de férias é muito bom, quem não gosta? Geralmente encontramos pessoas que também estão de férias, então o astral está ótimo, quase não vemos pessoas emburradas, afinal quem sai de férias pra se estressar?
Aproveitamos para ler um bom livro, conhecer lugares, gente e comidas diferentes.
Na volta, estamos com uma nova carga de ideias e projetos para o novo ano que se inicia.
(Inicia agora ou só depois do carnaval?).
Mas, esta semana quando retornei, percebi que nessas duas ou três semanas ausente, senti falta de alguma coisa. Sabe quando a gente se acostuma a ler uma reportagem semanal e sente saudade da pessoa que escreve como se ela fizesse parte da sua vida?
Então, hoje eu percebi que estava com saudades da coluna do Antonio Prata no jornal.
Tudo bem, eu poderia ter procurado na internet, mas estava de férias dela também.
Férias são.................. férias.
Mas hoje ele está aqui novamente e eu já ganhei o meu dia.
(imagem Google)
"UMA ESCOVA de dentes pode levar até mil anos para se decompor", disse o narrador do documentário, e eu senti um aperto no coração. Não por conta do dano ecológico causado pela luta contra o tártaro e a placa bacteriana, mas pela imagem criada em minha cabeça: todas as escovas que já usei, fiéis companheiras por dois ou três meses, abandonadas em distantes aterros sanitários, junto a tomates podres, calotas rachadas e carcaças de geladeira; as cerdas espanadas balançando ao vento ou servindo de morada às larvas na escuridão, "per saecula saeculorum".
     As pessoas, quando morrem, morrem; as escovas, não. Ficam por aí. Desde a primeira que eu tive, aquela usada por minha mãe para limpar um único dente, em 1978, até uma Colgate branca e azul, que deixei no lixinho do banheiro em Paraty, no dia 2 de janeiro. Agora, sempre que fecho os olhos, vejo as pobrezinhas, condenadas a um milênio de solidão.
     Seria possível resgatá-las? Digamos que eu tivesse muito dinheiro, que eu fosse o Bill Gates e contratasse cientistas da Nasa, criasse ferramentas, pusesse uma legião de trabalhadores a peneirar lixões... Não, impossível, mesmo que encontrasse todas as escovas do país, em meio a sacolas plásticas, pitangas e Ataris, como saber se aquela TEK vermelha, macia, tamanho médio, modelo 1987, é a mesma que eu usei durante a quinta série ou outra qualquer? Só daria para identificá-las se eu tivesse marcado nos cabos, digamos, com uma ponta de faca quente, as minhas iniciais. Mas que tipo de pessoa faria uma coisa dessas?
     Taí: Kim Jong-un, o novo ditador norte-coreano, talvez seja capaz de recuperar suas escovas, caso queria. Ou você não acha que os ditadores têm escovas de dentes personalizadas, com seus nomes gravados, belas insígnias em dourado e frases encorajadoras como "Bom dia, ó raio de sol que brilha para o universo!"? Bastaria a ele, portanto, tirar umas 500 mil pessoas do campo e das fábricas e botar para garimpar os aterros do país, até que separassem, das montanhas de escovas proletárias, todas as escovas ditatoriais.
     Seria até bom para Kim Jong-un: uma meta, uma missão, totalitarismos precisam disso. O déspota poderia declarar que suas escovas de dentes são objetos sagrados, ou que, através delas, os sequazes do capitalismo conseguiriam obter seu DNA e criar um veneno para matá-lo. "Nem uma escova deixada para trás!", seria o slogan. Ou: "Até a última cerda!".
     Durante a busca haveria mortos contaminados por lixo hospitalar e atômico, por leptospirose e vítimas de inanição, claro, mas para estes seriam erguidas estátuas e se cantariam hinos, até o dia em que, décadas mais tarde, Kim Jong-un declarasse a busca terminada, e fizesse o Grande Museu das Escovas de Kim Jong-un, e o povo choraria de felicidade, pois saberia que, se fora capaz de recuperar todas as escovas do majestoso líder, seria capaz de tudo.
     Isso, o Kim Jong-un, claro, não eu, pois minhas escovas são iguais às de todos os outros, e ficarão mil anos por aí, em lixões em Sapopemba e Perus, e sobreviverão a mim, a você, aos ditadores coreanos, à própria Coreia e a sabe-se lá mais o quê. Ê, mundo estranho da porra!
Blog "Crônicas e Outras Milongas"
antonioprata.folha.blog.uol.com.br

beijos

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Diário da Dilma - V

>> quarta-feira, 28 de dezembro de 2011



Estou dodói e Lobão sofre bullying


30 de abril_Estou com uma tosse seca e uma febre que não passam. Liguei para o Palocci e pedi uma consultoria. Ele costuma indicar bons médicos. Passou o nome do Roberto Kalil e fez questão de dizer: “Presidenta, beba bastante líquido.” Achei fofo. Às vezes, tenho vontade de apertar aquelas bochechas. 
Lula ligou preocupado. Disse para não comprar remédio genérico de jeito nenhum. Afetou uma voz grave: “Não podemos ressuscitar a oposição!” Caímos na gargalhada.
1º de maio_Acordei com um bilhete da minha mãe no criado-mudo: “Vê se agora aprende a levar agasalho antes de sair no sereno. E nunca mais abra a geladeira descalça depois do banho. Quantas vezes tenho de repetir?” Mamãe, assim como o Lula, ainda não entendeu que já sei me virar sozinha. Mas, verdade seja dita, estou dodói mesmo. Ninguém me tira da cabeça que foi a vacina que o João Santana inventou. Estou por aqui de marqueteiros. E esses palácios do Niemeyer! Uma hora matam a gente de frio, outra quase matam de calor. Por que ele não fez um daqueles chalezinhos que a gente vê em Gramado?
2 de maio_Tarde da noite, o milico da segurança veio me acordar: mataram o Bin Laden! Mas cadê o corpo? Não tem nem foto? Bem que ouvi o Obama cochichando lá na Cidade de Deus: “O mundo não acredita que o Armstrong pisou na Lua? Pois é. Quando assisti a Tropa de Elite 2 tive a ideia.” Agora entendi. Dilminha tá ligada, tá pensando o quê?
3 de maio_O Kalil veio dizer que os médicos de Brasília erraram o diagnóstico. Que não estou com bursite. Além de pneumonia dupla, meu pulmão está cheio de laquê. Vou pedir a dica de um fixador orgânico para a Marina Silva.
4 de maio_Menino, não é que justo na hora em que o enfermeiro me auscultava o Edison Lobão entrou na sala? Veio me entregar um cartão da Hallmark, com o Garfield segurando uma lupa, acima da frase “Procurei um bom amigo por toda parte...”. Ansiosa, abri e fiquei emocionada quando li “... mas por sorte encontrei você”.

Não sei se o calafrio que senti foi sintoma da doença. Puxamos uma conversa sobre o


clima de Brasília e ele chegou a mencionar o Thomas Mann. Que homem profundo.
5 de maio_Marina recomendou um spray à base de mamona e saliva de guaxinim. Usei e minha cabeça quase explodiu. Mas há malas que vão para Belém: me livrei do Paraguai. Mandei o Sarney no meu lugar e ainda fiz umas encomendas.

Lembrete: avisar o Lula que não vai dar para trazer as bugigangas que o filho dele pediu.
6 de maio_Mandei trazer da locadora todos os filmes da Julia Roberts para ver na cama.
7 de maio_Acordei ao meio-dia e passei a vista no jornal. Ainda bem que estou acamada, prostrada e com enxaqueca. Tenho direito de não me pronunciar sobre o Ecad e o Código Florestal.
Comecei a ler A Montanha Mágica. O Lobão é muito erudito. Pega mal não acompanhar.

10 de maio_Me arrastei até o Planalto. Nunca vi tanto prefeito junto. Deve ser coisa do Kassab. Vieram pedir dinheiro, claro. Fazer proposta, apresentar projeto ninguém quer, né? Peguei um trocado no Cacique e distribuí.

A Fátima Bernardes passou a usar umas golas maiores, iguais às da modelete aqui. A musa fashion do Planalto está deixando a sua marca. Isso o Jabor não diz. 
11 de maio_A Abin veio me dizer queo Lobão está sofrendo bullying do Mercadante e do Jobim. Puseram um apelido nele que nem tenho coragem de escrever aqui. Vou ficar de olho.

Recebi um e-mail da Casa Branca: “Exclusivo: veja aqui as fotos de Osama bin Laden.” Era vírus. Meu laptop travou todinho. Que raiva!
12 de maio_A irmã do Chico Buarque entrou esbaforida no meu gabinete dizendo que estava sendo perseguida pela imprensa. Pedi para o Palocci dar uma consultoria para a menina.

Resolvi fazer uma faxina no armário, que estava uma zona. Tinha até meia-calça furada. Vou dar de presente para a Miriam Belchior as camisas velhas de seda. Trouxe umas da China que não amassam e são ótimas para viagem. 
13 de maio_Criei um perfil fake no Facebook. Com nome falso e tudo. Não aguento ficar muito tempo sem sentir a adrenalina da clandestinidade. Mas estou passada! As pessoas colocam fotos, informações pessoais, interesses, tudo. Nem morta eu digo que gosto das canções do Peninha. 
14 de maio_Sensação de paz. Não sabia a razão. Achei que era a pneumonia, até que atinei: o Lula está por aí dando palestra e me deu sossego. Tem empresário que é cego e surdo!

O Jobim anda dizendo que o cabelo do Lobão “está mais preto que a asa da graúna”. Como se não bastasse, o Mercadante deixou uma imagem de santo Antônio na portaria do Ministério de Minas e Energia. Estão passando dos limites. Vou dar uma chamada neles.
15 de maio_Não vou meter a mão nessa cumbuca que não sou maluca, e ainda mais que continuo dodói. Mas não resisti e mandei um e-mail para o Haddad: “Já recebi meus exame médico. Estãotudo bem. Quando você vem aqui discutir a norma culta?”

E não é que o danado respondeu: “Vou estar terminando um despacho e quando fechar unsrelatório do Enem passo aí.”
17 de maio_Minha Virgem do Coração Sagrado: que bafo essa história do Schwarzenegger e do Strauss-Kahn! Fiquei besta! E o DSK com 62 está batendo aquele bolão todo? Cheguei a conhecer o homem, quem diria! Ainda bem que o Guido não saiu do meu lado. Algum uso ele tem. Pena mesmo eu tenho é da Maria.  Essas mulheres da família Kennedy nasceram para sofrer com marido safado.  Entrei na internet para ver onde ficam as Seicheles. Fiquei louca, vou ver se o Patriota descola uma viagem para lá. Ele cisma de visitar cada buraco!
18 de maio_A reportagem da Folha me estragou o diaPau que nasce torto morre torto, não adianta. A consulta mais cara do planeta é de um médico de Ribeirão Preto que nem consultório tem. O Santana recomendou fazer cara de paisagem. O mais chato é aguentar a gozação do Zé Dirceu.

Estou encafifada com A Montanha Mágica. Será que o Lobão quis dizer algo? 
19 de maio_Michel Temer ligou revoltado. Disse que se sentia como um marido traído. Reclamou que “não há sequer um contínuo do PMDB na consultoria do Palocci”. Não sei como a Marcela atura esse reclamão. Para contornar, tive de nomear o Mendes Ribeiro para liderar o governo no Congresso. 
20 de maio_O Palocci veio se explicar e não convenceu nem o garçom, que quase derrubou o café em cima dele. O que mais me irrita é que o homem está estalando de rico e não dá um trato naqueles ternos. Isso sem falar no corte de cabelo. É o fim da picada.
21 de maio_Recebi a rainha Silvia da Suécia. Corri para ver se ela estava no Facebook. Quem sabe não encontro uma afinidade para puxar assunto? Acabei achando o vídeo de uma professora potiguar que fez um discurso comovente. Mandei o link para o Haddad, que respondeu: “Vou estar terminando uns despacho e já assisto.” Cruzes. 
23 de maio_Tive que aturar o aluguel da Shakira, do Bono e do Romero Britto. E o Paul veio duas vezes ao Brasil sem me dar bola. Meu Beatle preferido continua sendo o John, que era mais politizado. You may say I’m a dreamer/ But I’m not the only one. 
25 de maio_Passou o novo Código Florestal. Hoje mesmo mando cortar as jabuticabeiras do Alvorada. Tem muito pólen. Me dão uma alergia que só.


beijos

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